O Peso da Responsabilidade: Honrando e Responsabilizando os Líderes
Às vezes, esperamos tanto daqueles que nos lideram que nos esquecemos de que eles são humanos, assim como nós. Quando Herodes prendeu Tiago, um dos discípulos mais próximos de Jesus, a igreja não fez nada até que ele já estivesse morto (Atos 12:1-2). Talvez os fiéis presumissem que, por Tiago fazer parte do círculo íntimo de Jesus, nenhum mal lhe aconteceria. Mas o silêncio deles teve um preço.
Eles podem ter acreditado que a proximidade com Jesus tornava Tiago invencível. Da mesma forma, hoje em dia, muitas vezes tratamos nossos líderes como se fossem sobre-humanos. Nós os admiramos tanto que não conseguimos imaginá-los fracos, frágeis ou precisando de ajuda.
Alguns dizem que "o topo é o lugar mais solitário". Muitos líderes carregam um fardo que seus subordinados frequentemente ignoram. Tentando atender às expectativas impossíveis daqueles que lideram, muitos líderes se tornam egocêntricos e focados apenas em resultados. Essa pressão os impede de cumprir suas verdadeiras responsabilidades.
Muitos estão presos na fachada da perfeição. São incapazes de pedir ajuda ou mesmo de reconhecer seus erros. Como resultado, líderes sofrem em silêncio, isolados por sua posição e com medo de serem julgados por demonstrarem fraqueza. Mas as Escrituras nos lembram que até mesmo grandes líderes tinham falhas — Davi pecou, Elias se cansou e Moisés duvidou. Mesmo assim, Deus os usou poderosamente (Salmo 51, 1 Reis 19, Êxodo 4:10-13).
Mais tarde, Herodes prendeu Pedro, assim como fizera com Tiago — mas desta vez, a igreja orou fervorosamente (Atos 12:5), e Pedro foi milagrosamente libertado. A morte de Tiago despertou na igreja a responsabilidade de interceder por seus líderes. Como crentes, devemos reconhecer que aqueles a quem honramos e seguimos ainda são homens e mulheres que precisam de graça, oração e prestação de contas.
Paulo confrontou Pedro por sua hipocrisia: comer em particular com os gentios, mas se afastar deles em público quando crentes judeus estavam presentes (Gálatas 2:11-14). Paulo compreendeu que deixar a questão sem resposta levaria à confusão e a um impasse entre os irmãos. Sua correção não foi uma desonra, mas sim um gesto de amor e proteção para todo o corpo de Cristo.
Não devemos sobrecarregar nossos líderes com expectativas irreais. As Escrituras ensinam: “Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:23). Sabendo disso, devemos julgar as ações não pelo carisma ou personalidade, mas pela Palavra de Deus (Hebreus 4:12).
Infelizmente, em muitos contextos africanos, responsabilizar os líderes é frequentemente visto como desonra ou rebeldia. Líderes políticos, eleitos pelo povo, muitas vezes iniciam suas campanhas com humildade, mas tornam-se defensivos e autoritários uma vez no poder. Rotulam os críticos como inimigos em vez de os enxergarem como vozes da razão. Provérbios 27:6 diz: “Fiéis são as feridas feitas por um amigo, mas os beijos de um inimigo são enganosos”. Corrigir não é atacar — é demonstrar cuidado.
Liderar é um fardo, mas quando esse fardo é compartilhado, torna-se uma jornada maravilhosa. Bons líderes reconhecem suas fraquezas e se cercam de pessoas cujas qualidades as complementam. Essas pessoas atuam como uma rede de segurança — uma proteção contra o orgulho e o erro.
Até mesmo Pedro reconheceu a sabedoria e a revelação da Palavra de Paulo (2 Pedro 3:15-16). A verdadeira liderança se fortalece quando abraça tanto a vulnerabilidade quanto a responsabilidade.
A todos os líderes: o topo só se torna solitário quando você escolhe se isolar. Cerque-se de conselhos, aceite correções e lembre-se: você não é Deus. E a todos os liderados: honrem seus líderes, orem por eles, mas nunca os idolatrem. Eles precisam do seu apoio, não do seu silêncio.
Deus te abençoe.